A primeira vez
Era uma sexta-feira e eu tinha acabado de entrar em casa. Quando o telefone tocou, eu já sabia. Era a notícia de que o meu primeiro trabalho como fotógrafa de parto ia começar. Parturiente primigesta, já internada no hospital com marido, doula e 6 cm de dilatação. Me troquei. Me abasteci e voei. Na chegada, aquela insegurança, suadeira e timidez. Como pode uma fotógrafa de mãos trêmulas? Não vai sair nada. Mas a primeira foto saiu. E ficou boa. Ângulo, luz, enquadramento, composição. E junto com ela veio à vontade de seguir por quantas horas fossem necessárias para eternizar aquele momento especial da família que acolheu a novata.

Fotografei, sofri, observei, aprendi, relaxei, deixei fluir. Recomecei. Duas ou dez horas se passaram que nem vi.
No fim, a certeza estar registrando o amor em imagens.
